A malha metroferroviária na região metropolitana de São Paulo é a maior do país, com cerca de 370 km, entre 270 da CPTM e 100 do Metrô. A extensão, no entanto, ainda é aquém das necessidades de deslocamentos, e em todas as campanhas políticas a ampliação do transporte sobre trilhos está em pauta, afinal de contas uma obra que beneficia tantos usuários soa quase música quando se trata de aumentar a popularidade de aspirantes aos cargos públicos.
Mas se o anúncio de uma obra pode ajudar nas pesquisas de voto, não concluir a linha ou atrasar pode significar abalo na imagem. Os anúncios da expansão passaram por uma certa transformação e atualmente os governantes estão mais com o pé no chão antes de divulgar a nova “maravilha“.
Para ajudar a entender o porquê dos atrasos, listamos aqui alguns pontos:
1- Queda na arrecadação do estado;
O arrecadação do Estado vem de impostos, e fatores podem influenciar o recebimento desse aporte de recursos. Por isso, o poder público sempre faz uma previsão, e as vezes o que se espera arrecadar acaba não se tornando realidade. E se o governo previa gastar um valor x na obra naquele determinado período, pode não conseguir investir o recurso, comprometendo o cronograma da construção. Isso ocorreu com a construção da Linha 2-Verde, entre a Vila Prudente e a Dutra. Entre 2011 e 2014, faltaram recursos para o projeto, e a linha só foi retomada neste ano, e chegando somente até a Penha.
2 – Erros/mudança em projetos:
Projetos podem ser alterados no meio do caminho, e que certamente postergam os prazos. Um caso de alteração bem conhecido é no monotrilho da Linha 15-Prata, quando os engenheiros descobriram um córrego sob a Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello. O Metrô teve adaptar as colunas que sustentam o monotrilho.
3 – Supressão de investimentos:
O Estado pode não conseguir nota o suficiente para obter investimentos externos. Ocorreu com o monotrilho da Linha 18-Bronze, onde cabia ao Estado as desapropriações. O Governo não obteve o recurso, não desapropriou, e a linha não saiu. Ocorreu também com a concessionária Move São Paulo, que era responsável pela Linha 6-Laranja. A empresa não conseguiu o aporte de recursos porque um de seus membros estava sendo investigada na operação Lava a jato.
4 – Contratos sob judice:
Empresas que participaram da concorrência pública, não foram vencedoras, e entram na justiça paralisando o processo, ou até a obra. O melhor exemplo atual é a Linha 17-Ouro. Contratos para finalização das obras e fabricação dos trens suspensos na justiça.
5 – Atrasos nas desapropriações:
O fato ocorreu com a Linha 6-Laranja do Metrô. Donos de imoveis desapropriados podem questionar o fato na justiça.
6 – Licenciamento ambiental:
Para uma linha de Metrô ou trem funcionar ou para sua construção, é necessário licenças ambientais, e a promessa da linha antes dessas autorizações pode significar atrasos. Aconteceu na Linha 13-Jade da CPTM, quando prometeram para 2014, ignorando os prazos ambientais. Obviamente não deu certo.
7 – Atrasos em entregas de equipamentos:
O Metrô ou o consórcio que constrói o novo eixo de transporte depende de uma porção de empresas para que estas honrem com seus compromissos de entregar os materiais no prazo necessários. Atraso, por exemplo, nas escadas rolantes pode significar alongar prazos de inauguração.
8 – Problemas com empresas contratadas:
Problemas financeiros das empresas contratadas, que entram nos contratos sem expertise de metrô e sofrem com as alterações de projeto e retrabalhos. Ou simplesmente porque a empresa não está bem financeiramente. Fato observado nas construções das linhas 4-Amarela e 17-Ouro. Nos dois casos, o governo acabou cancelando os primeiros contratos, pela falta de entrega das construtora, e abriu novas licitações para finalização dos trabalhos.
9 – Fornecedores diferentes e problemas de integração:
Com diversos fornecedores, cabe quem construí fazer a integração entre todos os sistemas. O contrário são atrasos, como ocorreu antes da entrega da primeira fase da Linha 4-Amarela em 2010. Com as portas de plataforma da empresa Poscon, sistema de sinalização da Siemens e trens da Rotem, o resultado foram atrasos e problemas na sincronia entre as portas dos trens e das plataformas.