No próximo dia 28 de julho completa 20 anos de um dos piores acidentes ferroviários na Região Metropolitana de São Paulo, que deixou dezenas de feridos e mortos: o acidente de Perus ocorrido em 2000. A ocorrência envolveu o choque de duas composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, e a destruição de uma estação.
Às 21h15 da sexta-feira, 28 de julho de 2000, uma composição da série 1100, que vinha do centro de São Paulo, com destino a Francisco Morato, partiu de Jaraguá e estacionou na Estação Perus, quando uma pane no sistema de energia impossibilitava as operações dos trens. Uma outra composição da série 1700 (nº 127), que estava estacionada na mesma via pelo mesmo motivo, acabou sendo esvaziada.
Com a pane, os três sistemas de freios do trem ficaram inoperante. Então, o 1700 começa a se movimentar rumo à estação Perus, onde estava parada a 1103. O maquinista principal, Oswaldo Pieruti, depois de ter avisado o Centro de Controle Operacional (CCO) da CPTM desce da composição para tentar detê-la, colocando nos trilhos travas de madeira, sem sucesso. Somente Selmo Quintal, maquinista em treinamento fica no trem.
Entre Jaraguá e Perus, existe uma descida de 5 km/h, e a inclinação é progressiva e chega a 66 metros. O trem da série 1700 com o operador em treinamento a bordo acabou viajando sozinho entre as duas paradas, e com as curvas, a composição acabou atingindo 70 km/h e desgovernada, rompeu a rede elétrica no caminho e acabou se chocando com o trem 1100 que estava em Perus.
Uma gravação de um rádio amador acabou capitando parte dos diálogos, e o controlador da ferrovia, desesperado, pedia para que o operador do 1100 evacuasse a composição. Ele teria apenas 8 minutos para esvaziar o trem, que foi o tempo em que o 1700 percorreu desgovernado as duas estações.
O acidente deixou nove mortos e 115 feridos. O operador em treinamento que estava no 1700 também acabou morrendo, antes do choque dos trens quando saltou da composição. A ocorrência também destruiu a estação Perus.
A parada foi reaberta três dias depois, sem a cobrança de tarifa, porque “não apresentava condições para isso“, segundo o secretário de transportes metropolitanos na época, Claudio de Senna Frederico. A estação foi sendo reformada aos poucos e a situação se normalizou com o passar dos dias.
Quando fechada, os 25 mil passageiros que utilizam a Linha 7-Rubi, na época, tinham apenas 50 ônibus a disposição. Ou seja, 500 passageiros para cada veículo, que pode transportar em média até 70 pessoas.
Sobre as causas do acidente, a empresa culpou o o maquinista, que segundo a CPTM, em nenhum momento calçou o trem. Por outro lado, segundo uma reportagem da Folha, o maquinista garantiu que calçou o trem com pedaços de madeira encontrados no local onde a composição parou.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos acabou sendo condenada a indenizar as 124 pessoas que ficaram feridas e familiares dos nove mortos. A condenação ocorre após 12 anos de espera das vítimas.