Análise
Com a pandemia do Coronavírus, a regra é cada vez mais clara: é preciso o quanto possível ficar em casa. Ainda que sistemas de transportes tenham registrados diminuição em seus fluxos, a exemplo do Metrô de São Paulo que tem transportado 45% menos passageiros, é nítido e notório que cada vez mais, as pessoas realmente não podem ficar circulando por ai.
Em uma breve análise sobre os motivos da quarentena chegamos ao seguinte quadro: menos pessoas circulando, menos infecção, e com isso menos doentes. E por sua vez, menos chances de nosso sistema de saúde entrar em colapso, como ocorreu por exemplo na Itália.
Quando se fala em restringir a circulação de pessoas, a primeira atitude que vem a cabeça é suspender o transporte coletivo. E algumas cidades já estão seguindo esta medida, como no ABC onde até o dia 29 de março não haverá mais ônibus municipais nas sete cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O mesmo, em medida mais leve, vem sendo feito no Rio de Janeiro, como a proibição de ônibus com pessoas de pé, e fechamento de parte de estações da rede metropolitana de trens.
Já em outras localidades, como em São Paulo, autoridades acham que ainda não é o momento de fechar os sistemas de locomoção. O Governador João Doria, por exemplo, em coletiva de imprensa até pediu para que os prefeitos do ABC revessem suas posições. Doria viu a atitude como “precipitada”.
A pergunta que fica: e os trabalhadores que não conseguiram dispensa do trabalho? e as pessoas que estão na informalidade? (só neste segmento, o país tem quase 40 milhões de pessoas, segundo o IBGE). Essas pessoas ou terão que pagar mais caro para se deslocar, ou então poderão ser ainda mais prejudicadas com o fechamento dos sistemas de transporte.
Mas, em tempo de coronavírus, será que existe apenas a dicotomia entre a escolha de deixar parte da população trabalhar ou restringir a circulação da população? Talvez a sociedade e seus governantes tenham que encontrar um meio termo nesta tempestade. Além do home office, que é um aliado nesta crise e na mobilidade, o poder público pode encontrar alguma forma de não desassistir a população que ainda não ficou em casa por ter de ir buscar seu sustento.
O papel do estado é fundamental, primeiro em mediar essa relação com o privado, das empresas que ainda não dispensaram ou não podem dispensar seus colaboradores, e depois em garantir a sobrevivência de quem não está inserido formalmente no mercado de trabalho.