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A mutação do transporte público em São Paulo, reflexões com as mudanças pré-licitação.

Em tempos de uma nova hashtag que tem sido impulsionada nas redes sociais e atingido desde seu amigo que mora no prédio ao lado ou aquela atriz que passa na tv, o “10 years challenge” nos faz relembrar como estávamos no ano de 2009 através de fotos.

Isso, utilizando bem a memória afetiva, traz junto lembranças de onde morávamos, onde trabalhávamos, as pessoas que estivemos juntos e para quem gosta de transporte, a realidade daquela época nas ruas e também trilhos da cidade, onde a rotina de ir e vir sempre foi notada de forma diferente.

Não obstante, pensamos em diversas empresas, ônibus, trens… Em tudo no que andamos naquele ano. Se pararmos para pensar, nos ônibus não mudaram muita coisa. As empresas basicamente são as mesmas, salvo uma mudança de nome aqui, outro ali. A transformação de Cooperativa em empresa, seccionamento de linhas, construção de novos terminais e também, a projeção de um desenho de uma nova rede de transporte.

Entretanto, podemos utilizar a maneira do 10 years e ir um pouco mais além, pensando também nas empresas que fizeram 10 anos “muito mais de uma vez” de história na operação do transporte urbano por ônibus em São Paulo, como as tradicionais Gato Preto, Gatusa, Transkuba, Tupi e acredite, Campo Belo. Essas, de formação familiar, começaram com um ou dois ônibus para atender localmente uma demanda, conectando o bairro ao centro ou então a algum ponto de interesse dos moradores. A história, bastante comum entre elas, fez com que evoluíssem e puderam assim, se adaptar à realidade de transporte da cidade a cada novo certame. A cada nova regra e a cada nova licitação.

Assim, chegamos aos dias atuais e às novas realidades que não param de acontecer relacionados ao transporte por ônibus em São Paulo.

Com a previsão de data de entrega dos envelopes das empresas que irão concorrer ao certame no próximo dia 23 de janeiro de 19, a mudança das empresas, a maneira em que elas operam e até quem sabe, a manutenção no sistema das mesmas, poderá ocorrer após a apreciação das propostas entregues e então, da divulgação dos resultados dos próximos operadores que terão em concessão, 20 anos pela frente para transportarem uma população que equivale aproximadamente aos moradores de nosso país vizinho, o Uruguai. Números que prometem mudar bastante com a inauguração de mais linhas, estações de metrô e até a utilização maior de aplicativos de transporte.

Entretanto, com a mesma velocidade que a “campanha” do 10 years challenge se propagou, a notícia de que a Tupi Transportes Urbanos Piratininga, havia sido vendida à sua co-irmã de consórcio, Mobibrasil correram os grupos tematizados aos ônibus, tanto em redes sociais, quanto em aplicativos de mensagens. (considerar que a Mobi deixou o consórcio na metade de 2018).

O que isso pode mudar para a população? Na prática, nada. A incorporação de empresas e carros aconteceram em vezes a perder contas na cidade e no Estado de São Paulo. Entretanto, em operações já definidas com a SPTrans, a Mobibrasil irá assumir algumas linhas, que pertenciam até dia 17/01/19 à Tupi e distribuir, entre as empresas também da área 6, Cidade Dutra e Transwolff, outras linhas.

Em declarações dadas ao portal Diário do Transporte, as empresas informaram acréscimo de frota e manutenção de partidas, bem como salientaram que os funcionários não tem previsão de desligamento, como diz Niege Chaves, proprietária da empresa Mobibrasil: “Eu tenho certeza que o trabalhador da Tupi não vai ser prejudicado em nada.

As empresas, até por motivos óbvios, se comprometeram se dedicar a proporcionar (os) “nossos maiores esforços para garantir aos nossos usuários um serviço de alta qualidade”, de acordo com o Presidente da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco.

A reflexão do texto, é o poder da mutação do transporte em São Paulo. Com as novas regras estabelecidas pela SPTrans nessa licitação, certamente as empresas irão se reposicionar. Novas empresas poderão prestar serviços na cidade e assim, a esperança de que os serviços possam melhorar na parte lógica-operacional, quanto no atendimento.

O cidadão, com as regras dessa licitação já em vigor, terá protagonismo especial no que se diz à remuneração da empresa. Utilizado como fator de penalização ou bonificação, as empresas estão suscetíveis aos números de ocorrências e reclamações para poderem receber o subsídio pago pela prefeitura.

Isso tudo vale como incentivo em dizer que a melhoria do transporte, além da responsabilidade das empresas, dependerá de cada um de nós e da participação e avaliação dos usuários dos serviços praticados pelas concessionárias de São Paulo.

 

 

 

Sobre o autor do post

Rodrigo Lopes

Paulistano, formado em Logística e graduando de Tecnologia em Transporte Terrestre, sempre gostou de transportes e tudo o que envolve a mobilidade, transportes e planejamento urbano. Participa de projetos relacionados a preservação ferroviária, transporte não poluente e gestão pública. Criador do Boletim do Transporte em 2011, desde Abril de 2018, colabora com o Via Trólebus.

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