Recordar é viver

Edifício é implodido para construção de estação. 16 de Novembro de 1975.

Em São Paulo, o Metrô em sua forma como conhecemos, foi criado (em termos de estrutura empresarial) por volta do final da década de 60 pelo o então Prefeito à época, Faria Lima (ARENA).

Projeto percussor do Metrô de São Paulo
Projeto percussor do Metrô de São Paulo.

Após um ano constituída, a Companhia do Metropolitano de São Paulo iniciou os estudos de demanda, geológico e de tecnologia para o desenho da nova rede de transportes da capital paulista, através do conhecido “Consórcio HMD”, com as empresas: Hochtief e DeConsult e Montreal. Onde ficaram definidas 3 linhas prioritárias e 3 ramais para o início da nova rede. A Santana– Jabaquara; Casa Verde – Vila Maria (Via Sé); Anchieta – Jóquei Clube e os ramais Moema; Paulista e Vila Bertioga.

Depois de muitas alterações durante a construção e a concepção das novas linhas, a rede de transporte resultou nas 3 principais linhas que temos hoje, identificadas por 1, 2 e 3, antigamente conhecidas por norte-sul, leste-oeste e ramal paulista. Para a integração entre as duas linhas que previam a maior demanda, na Praça da Sé e sua vizinha, Clóvis Beviláqua, era necessária a construção de uma estação de maior porte que as demais, que houvesse a articulação facilitada entre duas linhas e que comportasse o grande movimento entre elas previsto além de atender a demanda local, à época muito mais pujante que hoje pelo centro comercial da cidade ainda se concentrar em sua maioria, na Rua Boa Vista e ainda estar sendo transferido naturalmente para a Avenida Paulista que teve seu desenvolvimento econômico mais acelerado somente a partir das décadas de 70 e 80.

Por isso, para a concepção da Estação Sé (Chamada inicialmente de Clóvis Beviláqua), era necessária uma grande desapropriação no local. A praça, naturalmente “desocupada”, deu lugar às escavações para a estação de 3 pavimentos principais e seus acessos ao redor, garantindo o status de maior estação construída no sistema e maior obra do Metrô de São Paulo até o momento.

Folder de lançamento do Edifício Wilson Mendes Caldeira.
Folder de lançamento do Edifício Wilson Mendes Caldeira.

Entretanto, na Praça havia um edifício de 30 andares… O nome, Edifício Wilson Mendes Caldeira. Construído para reunir escritórios no epicentro da região financeira e judiciária de São Paulo, possuía 364 escritórios e abrigou o escritório de empresas importantes como por exemplo, a Cynar (indústria de bebidas) e a que dispensa apresentações, Mercedes-Benz.

Localizado onde hoje é o acesso norte da Estação Sé, teve sua demolição acelerada por conta das obras que já estavam atrasadas da nova estação, que deveria ter sido aberta sem a integração em 1975 juntamente com a linha que já chegava em Santana, na zona norte, desde o segundo semestre. Os trens entre 74 e o primeiro semestre de 75 circulavam apenas entre Jabaquara e Liberdade.

O elevado na zona norte e os túneis entre Tiradentes e Luz estavam somente aguardando a liberação da estação central para receber os trens.

 

A estação fora inaugurada somente em 1978 ainda sem a transferência entre linhas, o que ocorreu somente no ano seguinte.

O edifício que então foi demolido, foi a primeira implosão da América Latina e rendeu após a detonação, 8 segundos para vir ao chão e resultado em 36 mil toneladas e 360 quilos de explosivos dispostos ao longo da estrutura. Para a demolição, um numero limitado de convidados e a imprensa foram convidados para comparecer ao importante evento da cidade.

Atualmente quem passa por lá, muitas das pessoas (principalmente as mais jovens), sequer imaginam que houve ali um edifício símbolo do progresso, que foi demolido para deixar o progresso passar.

– Vídeo da implosão do Edifício Wilson Mendes Caldeira (https://www.youtube.com/watch?v=SQd8TbFxvio)

 

– Localização do antigo edifício, vista aérea. (https://goo.gl/maps/S1NqWkZjLGt)

 

 

 

 

 

 

– Localização do antigo edifício, vista da rua. (-23.550071, -46.633317)

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Sobre o autor do post

Rodrigo Lopes

Paulistano, formado em Logística e graduando de Tecnologia em Transporte Terrestre, sempre gostou de transportes e tudo o que envolve a mobilidade, transportes e planejamento urbano. Participa de projetos relacionados a preservação ferroviária, transporte não poluente e gestão pública. Criador do Boletim do Transporte em 2011, desde Abril de 2018, colabora com o Via Trólebus.

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