Todo sonho do brasileiro é ter um carro. Até anos atrás, esta era uma verdade incontestável. Tanto que uma pesquisa feita em 2015, apontou que um dos grandes desejos das pessoas era ter seu carro próprio. Dados sobre vendas de automóveis ainda apontam crescimento de vendas, mas as pesquisas de mercado mostram queda no interesse. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontou lá em 2012 que a média brasileira de 6,1 habitantes por carro ainda é alta e deverá cair à metade até meados de 2020.
O sonho da classe média brasileira de ter sua própria locomoção teve impulso na década de 70, importada entre muitas outras coisas, dos Estados Unidos. Mas o que daria mobilidade e autonomia para as pessoas, tornaria as cidades quase que imóveis, e o pior: tornaria o uso do espaço urbano, desigual para quem não tem um automóvel.
Cerca de 58,3% do espaço viário é ocupado por carros para transportar apenas 20,6% das pessoas. Enquanto isso, o transporte público corresponde a 32,1% da ocupação de 76,7% dos passageiros, segundo pesquisa Mobilidade da População Urbana 2017, elaborada pela Confederação Nacional do Transporte e pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. Alguns outros estudos apontam que a taxa de ocupação do carro, em São Paulo por exemplo, é de 80%.
Mas a era do automóvel começa a mostrar finais de término. Nos Estados Unidos, jovens de até 35 anos são chamados de “geração dos alugadores“, onde alguns especialistas apontam que o motivo é que o grupo de pessoas estariam mais atentas, e evitam enfrentar crises financeiras e, por isso, fogem de grandes financiamentos. Um outro artigo do The New York Times, da jornalista Amy Chozick, mostra que jovens entre 18 e 24 anos estão se preocupando mais a coletividade, e menos interessados com os veículos próprios.
Outro fator que pode explicar esta tendência de queda são os serviços compartilhados, como bicicletas, e os transportes por aplicativos.
Redução de custos e evolução do transporte coletivo
Por falar neste tipo de transporte, é grande o número de reportagens na internet que mostram que o uso de aplicativos como o 99, Uber, Cabify e etc, podem custar menos que manter um carro próprio. Já se tratando de transporte público, é consenso dos gestores de todo mundo que os eixos de transporte, sejam por ônibus ou sobre trilhos, são urgentes, e tem potencial real de tirar carros das ruas, sem mencionar a economia de optar pelo modo coletivo.
Cidades testam restrições. Algumas já são definitivas
Cidades do mundo todo testam restrição ao carro, desde uma simples vaga de zona azul, que torna o estacionamento rotativo, até restrições em dias e horários específicos, até o banimento do transporte individual por completo. A cidade espanhola de Pontevedra proibiu o uso do automóvel. “Ter um carro não lhe dá o direito de ocupar o espaço público”, disse o prefeito da cidade.