Toda essa crise de desabastecimento de combustíveis, causada pela paralisação dos caminhoneiros (longe de ser culpa deles), as cidades do país demonstraram o quão dependentes de combustíveis fósseis e etanol a sociedade esta.
Sem distribuição de combustível desde o início da semana passada, os estoques dos postos se esgotaram antes do final de semana. Desde então, um programa de racionamento foi adotado nos ônibus e claro, por parte da população e seus carros. Estes, que em pioneirismo simbólico, tiveram no passado tentativas de se escalarem no complicado universo da tração elétrica em solo nacional, através da Gurgel Motores, com os modelos Itaipu e E400, movidos 100% a Energia Elétrica.
Eis que os esquecidos e preteridos por outras tecnologias, os trólebus (e novas tecnologias como os elétricos puros) tomam o protagonismo do transporte público novamente. Após sucessivas desativações e constantes faltas de investimento até a renovação da frota e a modernização da rede aérea a partir de 2012, os ônibus elétricos foram deixados de lado e perderam eixos importantes da cidade como o 9 de Julho/ Santo Amaro e também, linhas que iriam para zona norte e oeste da capital paulista. Agora, mostram que em momentos de crise, sua função é de grande utilidade nos eixos urbanos, pois operam em sua capacidade máxima “como se não houvesse nenhum tipo de problema”, justamente por não depender de combustíveis fósseis.
Em editorial, o Movimento Respira São Paulo ressalta:
“O Transporte Elétrico é benéfico para a saúde pública, para a economia da cidade e também, para a logística urbana.”
Vale lembrar também, do GNV. Mesmo sendo uma matriz poluidora, em índices inferiores que gasolina ou diesel e equiparáveis ao etanol, o gás ainda faz parte do grupo de “matrizes alternativas”, que se sobressaíram nessa crise de abastecimento pois independem de uma logística de transporte via rodovias. Para chegar aos postos, o gás percorre quilômetros de dutovias desde o local de sua extração, passando por suas refinarias, até o bico do abastecedor.
Entretanto, enquanto o abastecimento aos postos não são restabelecidos, ficamos como se fossemos reféns de operações especiais que promovem a chegada de combustível a pelo menos, aos serviços essenciais (Ambulâncias, Ônibus, Saneamento e Serviço Funerário, por exemplo) nas cidades.
Estamos reféns também, a situações que causam transtornos e impactam diretamente a vida na cidade, como uma frota reduzida de ônibus em circulação, impossibilidade de abastecer os carros e até falhas no abastecimentos de insumos em supermercados, estopim certo para mais preocupações que vão muito mais além da revelação do quanto dependentes somos do diesel, do transporte rodoviário e o quanto esquecemos das ferrovias e da eletricidade, que já foram maioria.
Mas enquanto ficamos estagnados, estaremos a mercê de uma matriz energética ao qual o país se viciou no final dos anos 50 e que até hoje, não conseguiu caminhar satisfatoriamente em outras modalidades energéticas. Seja no transporte público, seja no transporte particular.
Então, vem sempre aquela reflexão… É bom depender de apenas uma matriz energética em grandes cidades?