O dia Mundial sem carro nasceu em 22 de setembro de 1997. Um pouco depois, em 2000, a União Européia instituiu a Jornada Internacional “Na Cidade, sem meu Carro”, reunindo 760 cidades. No ano seguinte foram 1683 localidades participantes. No Brasil, a data para lembrar do fato chegou em 2001.
São inúmeros os malefícios que uma cidade colhe em sua cultura rodoviarista: grande volume de incidentes de trânsito, que provocam mortos e feridos. Só no Brasil, é estimado 50 mil mortes no trânsito em decorrência de “acidentes”. Sem contar na poluição do ar, onde todas as medições apontam o escapamento dos carros como o grande responsável.
Vale lembrar também que uso demasiado do automóvel dificulta a democratização dos espaços urbanos. Basta fazer a conta de quanto um carro ocupa no viário e quantos passageiros ele carrega, comparado com um ônibus.
Mas, este texto não terá foco apenas no aspecto ruim do tema. Se analisarmos a cidade de São Paulo, desde a década passada até agora, podemos perceber um certo avanço, pelo menos na imaginário médio do paulistano. Tomando como base as campanhas políticas dos principais candidatos a prefeito da cidade, era comum a promessa de grandes obras viárias, que resultaram em mais espaços destinados ao carro, quer seja a ideologia política na qual fazia parte o gestor público que estava sentado no gabinete, como pistas auxiliares nas marginais, tuneis em bairros nobres ou ponte que serve mais como cartão postal, que na prática não contribuíram para a redução de congestionamentos.
Nas eleições atuais em linhas gerais, os atuais pretendentes já não caem no deslize em prometer abertura de ruas. Seria o mesmo que sugerir como solução a uma pessoa obesa, aumentar um buraco em seu cinto. Independente do projeto de governo, é consenso entre os candidatos o investimento em ônibus, em corredores, a importância quase soberana dos pedestres.
Claro que existem escorregões por parte de alguns, contra a literatura internacional da mobilidade, como as ressalvas em diminuir as velocidades máximas e a reavaliação de ciclovias. Na verdade, muitas dessas promessas estão mais ligadas em marketing político, e longe dos programas de governo.
Todavia, o tema da mobilidade está na ordem do dia na reivindicação dos paulistanos. De acordo com uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo, o tema “Transporte Coletivo” e “Trânsito” aparece entre as seis primeiras áreas problemáticas.
Não é por menos. A mesma pesquisa mostra que o tempo gasto médio do paulistano no deslocamento aumentou desde 2009. Naquele ano era em média 1h57 minutos. Este ano a média ficou em 2h01 min.
A mesma cidade que aprova por exemplo, faixas exclusivas, ainda convive com moradores que querem a retirada dos espaços, a exemplo dos bairros do Morumbi e Cursino, o que evidencia que uma parcela ainda enxerga o carro como o meio de transporte dominante no viário, ainda que todas as pesquisas que medem deslocamentos, apontam que apenas um terço se desloca por automóvel. A mesma pesquisa relatada acima, da conta de que 34% dos entrevistados utilizam carros em suas viagens.