Ano novo, velhas discussões e reivindicações. O noticiário da mobilidade começou 2016 já com a notícia do aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô em São Paulo. O passageiro, com muita razão, reclama dos serviços prestados contra a alta do valor da passagem.
Neste cenário vemos o Movimento Passe Livre voltar a cena, e um novo protesto marcado para o dia 8 de Janeiro. Só para lembrar, o mesmo movimento foi o percussor das manifestações em 2013, que acabaram por revogar os aumentos, e que trouxeram malefícios a administração pública como a perda de arrecadação, mas que também trouxe benefícios, como o passe livre de estudante e a auditoria no sistema de ônibus da capital, que desmistificou algumas crenças, como a “caixa preta nos transportes”.
Os jornais disseram em 2015 que a prefeitura não aumentaria a tarifa por conta do ano eleitoral, (assunto inclusive postado aqui no Via Trolebus). Erramos. Prefeitura e Estado subiram o valor, abaixo da inflação, e o prefeito Fernanado Haddad se mostra não muito preocupado com medidas impopulares, ainda mais em um ano eleitoral. O próprio já disse em 2013 que não poderia deixar de aumentar a passagem por demagogia.
Com o clima instaurado, se inicia os editorias e análises, sempre ao gosto do leitor ou veículo de comunicação que o serve. Sergio Ejzenberg, por exemplo, no jornal “O Estado de São Paulo“, menciona que o sistema de transporte perdeu passageiros, e que o sistema deverá ter menos ônibus circulando com menos lugares, ignorando o fato dos novos veículos serem maiores, e por consequência, aumentando a oferta de lugares. Sergio no passado criticou a implantação de faixas exclusivas de ônibus, e considerou o uso do viaduto 9 de julho para coletivos, “desnecessário”, mesmo que no trecho os coletivos levavam a maioria dos passageiros.
Com toda a discussão sobre tarifa e a qualidade do serviço, outros temas intimamente ligados e que talvez explicam a situação do transporte, acabam ficando em segundo plano, como por exemplo o número de postos de trabalho em regiões extremamente povoadas, ou então a inflexibilidade de carga horária de trabalho. Vemos mais do mesmo.