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Transporte e comércio de rua podem tornar as cidades mais humanas

Reduzir o viário para carros, e democratizar os espaços para o transporte público, para as bicicletas e pedestres. A medida, ainda que seja olhada com maus olhos por aqueles que enxergam no meio de locomoção individual como única forma legitima de se deslocar, ainda que represente menos de um terço das viagens, é defendida pelo especialista em mobilidade urbana Alan Penn, professor da University City of London, na Inglaterra.

Em reportagem no Portal G1, o especialista defende cidades mais “humanas”. “Precisamos criar cidades humanas, que tenham como objetivo criar tantas oportunidades de interações econômicas, comerciais e sociais quanto possível.”, afirma o especialista.

Bom funcionamento e abrangência do Transporte Público

O professor defende investimentos em massa em transporte coletivo. “A experiência em Londres mostra que a mudança depende, em primeiro lugar, de um bom sistema de transporte público e criar espaços de caminhada confortáveis e seguros também é importante. Mas também é preciso encher as ruas com oportunidades comerciais, oportunidades de interagir com outras pessoas”, explica.

Comercio de Rua

Na visão de Penn, a difusão de comércios de ruas poderia ajudar na mobilidade. “O que aconteceu em cidades que eu chamo de ‘planejadas ao estilo americano’, foi que lojas, cafés e estabelecimentos ativos foram colocados em shoppings. Deixaram as ruas como espaços habitados somente por carros. Não há nada para ver, nenhum lugar por onde passar, a experiência de andar não é agradável”, diz o professor.

Avenida Paulista

Uma das polêmicas que envolvem o fechamento de vias para os carros esta relacionada a Avenida Paulista. Uma das tantas justificativas levantadas contra o projeto seria a queda no número de vendas da região, uma vez que os clientes poderiam ter problemas para acessar as lojas. No entanto, quem passou pela avenida nas horas que a paulista ficou aberta às pessoas, notou o comércio com grande movimento. A lógica parece simples: Mais pessoas nas ruas é igual a mais consumo. Tanto que 75% dos comerciantes são favoráveis ou não se opuseram à medida, segundo pesquisas.

Alan Penn se diz favorável a abertura da Avenida Paulista às pessoas. Ele compara o projeto ao acesso de pedestres à Trafalgar Square, praça que é um dos cartões postais de Londres. “Vocês provavelmente estão fazendo isso de maneira mais inteligente, fechando a avenida aos domingos e acompanhando a expectativa da população. Na Trafalgar Square, o fechamento foi uma transformação total”, diz o especialista.

Em 1999, o governo criou um projeto para transformar a praça em um espaço mais humano e acessível à população”, explica o professor. Os quatro lados da praça tinham fluxo de carros, a uma velocidade razoavelmente alta, o que tornava difícil atravessar a pista para ter acesso à praça. “Concluímos que era necessário retirar o tráfego de carros de um dos lados”, completou Penn.

Outra critica ao fechamento de vias aos automóveis é a ausência de redes de transporte eficientes. O que não é o caso da Paulista, dotada de uma linha metroviária sob a avenida, com conexão a outras duas em suas pontas.

Prevendo a critica de que é contra o automóvel, o professor responde a altura dizendo que o uso supérfulo pode ser prejudicial. “Meu ideal é que todos possam ter um carro, mas não tenham a necessidade de usá-lo na maior parte do tempo”, completa.

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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