Mencionar “Transporte público” e “lotação” é quase um pleonasmo, e de tempos em tempos jornais e revistas investem no tema, não economizando em imagens que mostram o sofrimento dos passageiros.
A exemplo disso, nesta semana o noticiário de maior audiência brasileira, o Jornal Nacional da TV Globo, mostrou o problema em algumas capitais: Em São Paulo, o dia a dia dos passageiros que usam a Linha 11-Coral da CPTM. No Rio de Janeiro a vida difícil dos usuários da SuperVia e do BRT Transoeste, e em Belo Horizonte, no sistema Move, além de outras localidades.
Outras emissoras seguiram a linha, e também deixaram de relatar talvez uma das principais causas do problema, que é o uso do espaço público. Obviamente, muitos sistemas de transportes precisam ser aprimorados e expandidos, porém, por que não agir na causa do problema? Aliás, muitas vezes a causa sequer é mencionada.
Na mesma semana foram divulgados dados do IBGE, baseados no Censo de 2010, que mostram que 7 milhões de Brasileiros moram em cidades diferentes de seus postos de trabalho. Só no estado de São Paulo, o maior número de deslocamentos é entre Guarulhos e a Capital Paulista, com 146 mil pessoas por dia.
O Jornal Folha de São Paulo elaborou um gráfico interessante que ilustra os deslocamentos:
A partir destes dados vem os questionamentos:
– Por que o emprego se concentra em regiões diferentes das moradias?
– Por que a carga horária em escritórios na sua maioria é em horário comercial?
– Algumas funções não poderiam ser desempenhadas na residência do colaborador, os famosos home office?
Solucionar a lotação do transporte público talvez seja algo mais complexo do que apenas o número de linhas, e qualidade do serviço, que de fato, deixa a desejar. Na própria reportagem do Jornal Nacional é mostrado o mesmo retrato em uma composição antiga, e em outra nova.
Questões como o planejamento urbano e até leis trabalhistas precisam ser inseridas neste contexto. Se não vamos sempre enxugar gelo.