Anúncio de obra de Metrô é o mesmo que anunciar atrasos, pelo menos é o que a maioria do paulista pensa quando vê este tipo de notícia. Basta olhar para os comentários aqui na página ou em nossa fanpage no Facebook em reportagens sobre as novas linhas propostas.
Nesta semana o governador Geraldo Alckmin anunciou a concessão e construção da Linha 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim), e fez questão de mencionar que o ramal poderá ser entregue em parte, daqui a 4 anos. A comparação quase que instantânea com as obras da Linha 4-Amarela é inevitável, onde a construção do ramal que liga oa Vila Sônia a Luz se arrasta por 10 anos. Foi esta a pergunta que jornalistas fizeram na coletiva de imprensa durante a assinatura do contrato, e Alckmin justificou: “A Linha 4 foi programada em duas etapas, porque o governo não tinha recurso para fazer toda a obra. Então, foi fazendo em etapas…O governo tem uma outra situação financeira hoje, graças a Deus.”
Já o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, se mostrou irritado quando questionado sobre tais atrasos: “Eu acho engraçada essa afirmação sua de que a Linha 4 está há dez anos construindo. A Linha 4 é em duas etapas. A primeira etapa foi entregue há dois anos.” O titular da pasta, apesar de admitir os atrasos, compara as obras do Metrô paulista com as de países da Europa: “Uma linha de Paris que tem 113 anos e tem um aumento você diz que ela está há 113 anos construindo? A Linha Jubilee, de Londres, que teve uma parte construída agora, mas tem uma parte de mais de 40 anos levou 40 anos para ser construída? A Linha 2 da Paulista vocês estão dizendo que demorou 30 anos para ser construída?…O meu papel é fazer com que a obra aconteça e seja entregue. Se eu for ficar olhando para o retrovisor todo dia e chorando, o que você quer? Que eu faça o quê? Pare as obras?” – diz o secretário.
A diferença entre prazos técnicos e políticos
Não querendo justificar os atrasos, nem tão pouco fazer papel de advogado do governo, mas o fato é que existem 2 tipos de prazos quando se trata de obras de Metrô: o técnico, aquele dado pela engenharia da obra, e outro o político, ao sabor de estratégias políticas e ações eleitoreiras. Um ótimo exemplo disso é a própria linha 4. Enquanto governo afirma que a estação Vila Sônia será entregue em 2015, publicações do Metrô dão conta que a parada ficará para 2016. Não podemos ignorar também que obra de engenharia tem sempre seus contratempos, usando o exemplo da estação Higienópolis-Mackenzie que teve as obras atrasadas por descobrirem “uma nascente de água muito grande” (palavras do secretário).