Recordar é viver

Série: Histórico do Metrô SP – Em 1968, começam as obras do Metrô, tal qual o conhecemos

Série Histórico do Metrô de São Paulo

Após a quase-construção do metrô por Prestes Maia em seu segundo mandato (1961-1965), seguindo as diretrizes de seu anteprojeto de 1956, seu sucessor, Faria Lima, encomenda um novo estudo. Tal estudo foi realizado pelo consórcio HMD (composto pelas empresas Hochtief, Montreal e Deconsult) e apresentado em 1968.

Ele seguia basicamente as mesmas diretrizes estipuladas no plano da Cia. de Engenharia, descartando a utilização da etrutura deixada por Prestes Maia, bem como as diretrizes mais ousadas do plano, que sobrepunham o serviço às linhas de subúrbio e alcançavam regiões mais distantes da cidade.

Em contrapartida, a rede proposta no plano HMD era fechada e bem consolidada, atendendo às regiões mais próximas do centro e mais congestionadas, em detrimento a atender regiões mais distantes.

FIGURA 1

As simulações de carregamento presentes no HMD deixam claro que a rede teria papel central e de distribuição, e que as diretrizes de distâncias maiores (que tinham carregamentos maiores do que os previstos pras linhas do metrô) seriam cumpridas pelas linhas de subúrbio.

FIGURA 2

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Portanto, o HMD previa uma rede complementar distribuidora, voltada para regiões próximas ao centro, onde o principal meio de transporte eram o automóvel e o ônibus. Seu objetivo principal era, visivelmente, melhorar o trânsito na superfície.

FIGURA 3

Finalmente, ainda em 1968, deu-se o início das obras da Linha Norte-Sul, construída quase toda de uma vez, de Jabaquara a Santana, rasgando de fora a fora a cidade numa empreitada sem precedentes, ocasionando interdições e desvios no tráfego da cidade toda. A linha começou a ser inaugurada em 1972, sendo entregue até Santana em 1975 (exceto a Estação Sé, aberta somente junto com o que viria a ser a linha Leste-Oeste).

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Com a construção desta linha, as estações que, segundo o projeto, teriam integração com outras, já foram preparadas para tal. A Estação Luz foi desenhada com plataformas centrais e laterais, tal qual a Sé, e aEstação Paraíso foi preparada para receber mais duas linhas: o Ramal Paulista (atual Linha 2) e o Ramal Moema, cuja construção jamais foi posta adiante.

FIGURA 5

As plataformas do Ramal Moema em Paraíso ainda podem ser vistas em frente à atual plataforma sentido Tucuruvi da Linha 1 – Azul, com as vias cobertas.

FIGURA 6

Começaram ainda em meados da década de 70 as drásticas revisões do projeto HMD, algumas geraram frutos e outras não. O resultado delas é polêmico e o assunto será tratado no próximo post.

Sobre o autor do post

Eduardo Ganança

Graduando em Arquitetura e Urbanismo na FAUUSP e pesquisador de Tecnologia em Cartografia Histórica no Laboratório de Topografia e Geodésia da Escola Politécnica da USP.

Via Trolebus