O assunto TAV voltou aos noticiários econômicos esta semana. Para evitar um novo fracasso e atrair investidores, a União vai bancar, diretamente ou indiretamente, quase 80% do trem-bala RJ-SP.
O governo decidiu aumentar a participação estatal no projeto, com a injeção de recursos dos fundos de pensão de empresas públicas. Previ, Petros e Funcef deverão assumir uma fatia em torno de 30% no capital do TAV.
A EPL deve ampliar para 45% sua participação para 45% sua participação acionária. A ECT (Empresa de Correios e Telégrafo) pretende assumir até 5% adicionais. Com isso, chegamos aos quase 80%.
Essa mudança pretende contornar a resistência dos consórcios estrangeiros que estão em formação para entrar efetivamente na disputa. Os grupos avaliam que o risco de demanda do projeto ainda é excessivamente alto. Conforme as regras do edital, o vencedor do leilão terá que pagar R$ 70,31 por cada quilômetro percorrido pelos trens.
Com um trecho de aproximadamente 500 km, fazendo as contas, o grupo responsável pela operação do futuro trem-bala precisará desembolsar cerca de R$ 35 mil por viagem de cada trem – independentemente da quantidade de bilhetes vendidos. Além da outorga, calcula-se em mais R$ 5 mil o custo operacional de cada viagem, no mínimo.
Para pagar esta conta e tomando base o valor mínimo de R$ 200 a tarifa, os trens teriam que circular com lotação máxima nos 40 anos de vigência da concessão.
Para as empresas, trata-se de uma estimativa otimista demais, mas essa não é a única dificuldade. O governo também exige que a operadora do trem-bala coloque pelo menos três trens por hora, na viagem expressa entre Rio e São Paulo, durante os horários de pico (de 6h às 9h e de 17h às 20h). Há um pedido das multinacionais para que essa exigência seja retirada e o próprio consórcio tenha liberdade total de definir a grade de funcionamento dos serviços oferecidos.
Três grupos despontam como favoritos, até agora, no leilão do trem-bala: o japonês (liderado pela Mitsui), o francês (encabeçado pela Alstom e pela SNCF) e o espanhol (Talgo e Renfe). Eles resistem, no entanto, a formar um consórcio para a disputa sem a presença de um grande parceiro brasileiro. Na movimentação que precede o leilão, pelo menos três empresas nacionais têm sido procuradas: Odebrecht Transport, CCR e Invepar.
Todas ainda mostram um certo receio ao projeto e creem que os outros projetos de infraestrutura, como portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, seriam mais viáveis.
Por Caio Lobo