Filas intermináveis, atrasos rotineiros. Este é o dia a dia de quem se utiliza das barcas entre Niterói e Rio de Janeiro. Nas últimas semanas, tumultos generalizados se formaram nos embarques. Em alguns casos foi solicitado policiamento para amenizar a situação.
Só nas duas últimas semanas, foram registrados problemas de atrasos, falta de embarcações e panes mecânicas nas linhas que ligam a Praça Quinze à Praça Arariboia, a Charitas e a Cocotá, na Ilha do Governador.
As principais são sobre atrasos, intervalos irregulares e longas esperas.
A idade das embarcações também é outros problema. Na semana passada, passageiros da linha Niterói-Praça Quinze se recusaram a entrar numa embarcação antiga. Em fevereiro, passageiros de Cocotá e Paquetá fizeram o mesmo.
Duas das atuais embarcações já operavam quando houve a revolta das barcas: a Lagoa e a Itaipu, de 1951, com capacidade para mil passageiros cada. Outras sete, com 43 anos em média, ainda fazem linhas de Niterói, Paquetá, Cocotá e Ilha Grande. A concessionária CCR Barcas informa que pretende aposentá-las, mas só depois que chegarem as nove embarcações prometidas pelo estado. A previsão é que isso aconteça somente em 2015. De acordo com a Secretaria estadual de Transportes, já foi feita licitação para compra de sete barcas com 2 mil lugares e duas com 500.
Também está previsto para 2015 a instalação de ar-condicionado nos catamarãs sociais.
Nos últimos sete anos, segundo a concessionária, a demanda pelo transporte marítimo aumentou 48,9%. Com as obras de revitalização da Zona Portuária, que agravaram os engarrafamentos, a procura vem crescendo. O presidente da CCR Barcas, Márcio Roberto de Moraes e Silva, admite que o serviço está longe do ideal, mas afirma que, neste momento, o foco da empresa é terminar as reformas das estações de Niterói e trazer mais barcas.
Atualmente, as barcas já estão na mira do Ministério Público, que investiga a compra de 80% das ações da Barcas S/A pela CCR. À época da negociação, o MP alegou que a transferência do serviço deveria ser feita por licitação, o que não ocorreu. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) também quer respostas sobre o serviço, e recentemente foi criada uma comissão especial para acompanhar a realização de uma auditoria externa nas contas das barcas.
Por Caio Lobo