Apesar de algumas medidas de todas as esferas do governo, o uso do automóvel de maneira excessiva ainda custa caro para a população, que fica presa horas e horas em engarrafamentos, na grande maioria das vezes causado justamente pelo excesso de veículos menores, o carro.
O Globo trouxe uma matéria muito interessante, que vale a pena ser replicada aqui no Via Trolebus sobre este pensamento condicionado ao carro:
A publicação mostra que o trânsito das principais cidades brasileiras contraria pesos e medidas elementares. Distâncias já não são mais contabilizadas em quilômetros, mas horas. De acordo com Censos de 2000 e 2010, a população brasileira aumentou 20,9 milhões (12,3%), enquanto isso a frota no país cresceu 41,8 milhões (122%) entre 2002 e 2012. Isto significa que circulam nas ruas dois novos veículos para cada bebê nascido.
E como nossa ecomonia e baseada na venda de automóveis, a explosão dela faz com que as estradas tenham que acolher, no total, 76,1 milhões de carros, motos, ônibus etc. Falta espaço. A lentidão nas vias é um dos problemas diagnosticados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 1992, 15,7% dos deslocamentos em Regiões Metropolitanas demoraram mais do que uma hora. Em 2008, esta fatia cresceu para 19%. A média do tempo de todas as viagens — quando os especialistas não se prendem àquelas que demoram mais do que 60 minutos — segue a tendência, passando de 38 para 40,3 minutos. Estes dados consideram somente o deslocamento entre casa e trabalho.
A cada fração de tempo gasto no trânsito, mais estresse. Ficar nervoso, ansioso e irritado, alertam especialistas, é nocivo ao organismo. A saúde, portanto, é mais uma vítima do caos urbano. Parados, motoristas e passageiros perdem tempo precioso, que poderia ser usado para a prática de exercícios. Respiram um ar mais poluído, resultado do processo de combustão de milhares de motores, que roncam forte e geram ruídos.
Além da saúde, o brasileiro Engarrafado também perde dinheiro vendo o tempo correr. São Paulo, a cidade que se orgulha de nunca parar, se dobra ao tráfego. Na maior economia do país, a riqueza que deixou de ser gerada por pessoas em idade produtiva em trânsito chega a R$ 26,8 bilhões, segundo os cálculos da Fundação Getúlio Vargas, de 2008. Os especialistas da FGV prometem atualizar o dado no início deste ano.
O Transporte Público
Com grande fatia orçamentária comprometida com a infraestrutura requerida pelos carros, o transporte público padece. Este binômio — por um lado, trens, metrôs e BRTs não conseguem cobrir os centros urbanos com eficiência; por outro, há excesso de automóveis nas ruas — é o grande vilão dos engarrafamentos, alertam especialistas.
Na Europa, onde as redes de transporte coletivo geralmente são maiores e apresentam mais eficiência, os ambientalistas já começam a questionar: é justo que toda a sociedade seja obrigada a pagar o preço das consequências do uso do automóvel nas grandes cidades? O prejuízo para cada criança ou adulto da União Europeia, motoristas ou não, é superior a 600 libras por ano. Isto equivale a quase R$ 2 mil.
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Por Renato Lobo