Ainda que a prefeitura de São Paulo tenha implantando ações para reverter o quadro da poluição do ar, como os programas Controlar e Ecofrota, a capital não vai conseguir cumprir a meta de reduzir em 30% de suas emissões de gás de efeito estufa dos anos de 2003 a 2012, prevista em legislação municipal.
Segundo dados divulgados esta semana pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, até o ano passado, a quantidade de emissões em São Paulo sofreu uma ligeira alta de 8% em relação a 2003. Quem está por trás disto, claro é o aumento da frota de veículos – os transportes emitem cerca de 80% de gases desse tipo na capital.
Os dados constam no Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa do Município de São Paulo, que deverá ser publicado novamente a cada cinco anos, a partir desta edição. Ele foi feito pelo Instituto Ekos e pela empresa de consultoria ambiental Geoklock, que foram contratados pela Prefeitura no ano passado para realizar o estudo.
O estudo mostrou que, em 2011, São Paulo emitiu o equivalente a 16 milhões de toneladas de gás carbônico – ou seja, cerca de 1,5 tonelada por habitante. A média está bem abaixo da de uma cidade como Nova York, nos EUA, por exemplo, que emite cerca de 6 toneladas por habitante por ano. A explicação é o nível de consumo, investimento e de gasto com combustíveis de fontes não renováveis, como a gasolina. O etanol, usado por vários veículos que circulam por São Paulo, não entra na conta por ser considerado fonte renovável de energia.
Especialista ouvido pelo jornal “O Estado de São Paulo” considera que, a despeito da meta de redução, apenas o fato de as emissões não terem aumentado já é motivo de comemoração. “Houve um crescimento gigantesco da frota de veículos nesse período e do aumento do consumo dos brasileiros, por causa do aumento do poder de compra. Mas houve um aumento na eficiência energética e no uso de combustíveis renováveis que anulou esse crescimento e fez as emissões ficarem praticamente estáveis”, afirma João Castro, da Geoklock.
Já para Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, as emissões só cairão com ações voltadas à diminuição do transporte individual. “Do ponto de vista técnico, temos todas as soluções já preparadas. Precisamos parar de emitir sinais contrários, como construir novas pistas na Marginal, e investir em transporte público.” Ele afirma que os gases de efeito estufa concentrados na cidade de São Paulo, além de contribuírem para o aquecimento atmosférico em escala global, também criam uma espécie de efeito estufa localizado. “É por isso que o centro é a área mais quente da cidade”, explica.
Por Renato Lobo, com as informações de Agência Estado