Você que acompanha o Via Trolebus sabe que o carro é o grande causador do trânsito em São Paulo, sem falar na poluição. Mas agora novos dados vem a tona e mostram o quão o uso do carro de maneria superficial e abusiva contribuí para engessamento da capital paulista. Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, nos horários de pico, 78% das principais vias são dominadas pelos automóveis – dentro deles, são transportados apenas 28% dos paulistanos que optam pela locomoção sobre rodas. Enquanto isso, os ônibus de linha e fretados, com ocupação de 8% do asfalto, levam 68% das pessoas.
“Quem quer que seja o próximo prefeito, terá de olhar para esse dado, fazer uma política inteligente e tentar reduzir a desigualdade no uso das vias”, diz Thiago Guimarães, especialista em mobilidade e professor da Universidade Técnica de Hamburgo, na Alemanha.
Segundo pesquisa do IBGE encomendada pela Rede Nossa São Paulo, no ano passado 82% dos paulistanos afirmaram que deixariam de usar o carro se tivessem uma boa alternativa de transporte público. Especialistas na área de transporte são unanimes em dizer que criar dificuldades para os carros e facilidades para o transporte coletivo é a solução resolver o problema crônico da mobilidade como a criação do tão temido pedágio urbano e a redução de estacionamentos.
No entanto, o uso do carro como único meio de transporte ainda esta impregnado na mente de muitos brasileiros: “São Paulo tem classes média e alta elitizadas que acham que o ônibus não é para elas. Que é coisa de ralé”, afirma Thiago Guimarães.
A de se convir que o sistema de transporte é ineficiente para atrair novos passageiros, uma vez que velocidade média dos ônibus nos corredores da cidade foi de cerca de 15 km/h no horário de pico em 2011 e linhas de metrô carregam 12 pessoas por metro quadrado.
De acordo com Flamínio Fichmann, urbanista especializado em transportes ouvido pela folha, “diminuir, com corredores bem projetados, o tempo de viagem dos ônibus pela metade teria o mesmo efeito que dobrar a frota”. Com mais eficiência, o mesmo ônibus poderia fazer mais viagens por dia, levando mais gente. Os corredores eficientes e velozes de que falam os especialistas tomariam parte do espaço dos carros por possuírem características que atualmente não são aplicadas em conjunto na cidade: têm espaço na pista para ultrapassagem nos terminais, pagamento do bilhete antes do embarque e parte dos cruzamentos com passagem sob a pista.
Por Renato Lobo, com as informações do Jornal Folha de SP