Grupo internacional C40 diz que Metrô não é a solução para as cidades

Apontado por muitos como a grande solução para o caótico trânsito nas cidades, o Metrô esta sempre no meio das disputas políticas sendo umas das promessas mais usadas pelos candidatos. Todo mundo acha que o Metrô é a grande solução, certo? Nem todo mundo.

De acordo com Adalberto Maluf, diretor da cidade de São Paulo dentro do grupo internacional C40, a solução está nos ônibus. O C40 reúne as 40 maiores cidades do mundo na troca de experiências sustentáveis. Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba integram o time no Brasil, esta última como afiliada.

Segundo Adalberto, em entrevista a revista Exame, disse que “a C40 fez um estudo em todas as grandes cidades do mundo, inclusive nas que não fazem parte da C40, e comparou os benefícios de investimento seja na viabilidade técnica, política, financeira e operacional do empreendimento. Considerando todos esses fatores, percebeu-se que as cidades que apostaram em corredores de ônibus BRT – que não são simples faixas de ônibus, mas corredores completos, com pagamento antecipado, estações com conforto, calçadas, paisagismo, ônibus mais limpos e articulados, que seguem horários com linhas expressas e semiexpressas – tiveram benefícios maiores, seja porque realmente entregaram o serviço no prazo, seja porque não tiveram grandes aumentos de custo (durante a obra) e conseguiram transportar as pessoas”

Adalberto recomendaa construção do BRT em São Paulo: “Daqui pra frente, o custo marginal de cada nova linha do metrô vai ser muito alto. Porque as principais, que tem maior demanda, já foram feitas. Então qualquer nova linha, por exemplo, a laranja, vai ter um custo muito grande. Neste caso, de 10 bilhões, para levar 300 mil pessoas a mais, sendo que o que se adiciona ao sistema é a metade, 150 mil. O custo por passageiro adicional ao metrô agora vai ser muito alto, porque as linhas mais ocupadas já foram feitas e cada vez mais as linhas novas terão menos demanda. Mas o custo para fazer em uma cidade já consolidada é muito mais alto. A gente acredita pela experiência das cidades C40 que a maneira mais eficiente de você criar esta rede prioritária que integra todos os cantos da cidade e promove um aumento da produtividade é pela superfície

Adalberto termina a entrevista dizendo que “o sistema metroviário não consegue atingir o objetivo prioritário da mobilidade que é uma rede integrada. Porque ninguém mora do lado do metrô e trabalha do lado do metrô, a não ser uma porcentagem muito pequena. Cerca de 82% das pessoas que pegam este meio chegam até ele de ônibus. O sistema de mobilidade precisa de capilaridade e integração modal. No metrô, toda vez que uma linha cruza a outra, as pessoas têm que descer e trocar de linha. Quando você tem várias paradas, o metrô tem que aguardar o que está na frente. Já o ônibus tem flexibilidade, pode simplesmente ultrapassar o outro que está parado se estiver em uma linha expressa, o que aumenta a velocidade operacional. O Expresso Tiradentes, em São Paulo, que é uma linha segregada, tem velocidade aproximada de 38 km/h, que é 60% mais rápido que todos os metrôs do mundo. Com exceção do metrô de Londres, nenhum outro tem capacidade de fazer linha expressa que permite ultrapassagem“.

Por Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.
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