Com as ultimas falhas na Linha 4 – Amarela, com relevância para a pane da segunda feira, onde cerca de 75 mil passageiros foram prejudicados por uma falha no CBTC, fazendo com que o ramal ficasse 4 horas parado, o sindicato dos Metroviários agora colocam em cheque este modelo de operação, onde uma empresa privada opera um sistema já com tradição da administração de uma estatal.
De acordo com uma reportagem publicada no site Rede Brasil Atual, o sindicato dos metroviários teceram alguns comentários negativos quanto a linha de Metrô mais nova da cidade:
“Apesar de ser símbolo de modernidade, esse tipo de operação mostra-se ineficiente diante de problemas técnicos, como os que ocorreram nesta segunda”, desabafou o presidente da Federação Nacional dos Metroviários, Paulo Pazin, secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo dizendo sobre o sistema Driverless (Condução do trem sem operador)
De acordo com o dirigente sindical, as demais linhas do metrô – administradas pelo Metrô – operam manualmente quando há panes no sistema de sinalização porque contam com maquinistas nos trens. “Na linha 4 não há alternativas, porque não há funcionários nessa função. A empresa e os usuários são reféns do sistema automatizado”, acusou Pazin. Ele disse que, embora haja lentidão, a operação manual garante a continuidade da prestação de serviços à população, o que não ocorre na linha automatizada.
Para o sindicalista, a pane na primeira semana de funcionamento da linha 4 em período integral acaba com o mito de que a iniciativa privada é mais eficiente do que a empresa pública para construir e operar o metrô. “Houve o acidente na construção da estação Pinheiros (também de responsabilidade da ViaQuatro), algo que nunca vimos em 30 anos de construções do metrô, e agora essa pane de fechar estações”, observou
Durante a falha técnica desta segunda também faltaram informações aos usuários e satisfação à população. Usuários da linha 4 denunciaram o problema pelo sistema de mensagens do Metrô. “A CCR, proprietária da ViaQuatro, esconde informações do Metrô. A CCR não tem estratégia em conjunto, embora o Metrô cobre e ela devesse ter”, acusa Pazin.
Pazin disse que o problema já era esperado e que panes desse tipo serão recorrentes neste trecho, o único administrado por concessionária, por se tratar da primeira experiência da empresa em operação de trens. “As demais linhas do Metrô transportam um Uruguai (4 milhões de pessoas) por dia com eficiência. A linha 4, mal ficou mais cheia e já começou a dar problema”, apontou. Outro problema, segundo ele, está relacionado aos testes do sistema de sinalização CBTC. “É uma espécie de GPS com múltiplas funções e os testes do sistema são feitos com usuários dentro dos vagões”, lamenta.
Sindicato quer mais testes do CBTC
O presidente dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Junior, adiantou a preocupação com o sistema, à reportagem, em matéria publicada no dia 22 de agosto. “Nos testes na linha 2, o CBTC apresentou problemas”, dizia. O novo sistema permite aproximação maior entre os trens e redução dos intervalos. Mas se não estiver funcionando adequadamente aumenta a probabilidade de acidentes. Para o sindicalista, o número de testes ainda é insuficiente para garantir a segurança do sistema. “No metrô qualquer falha, por menor que seja, causa tumulto.”
Outro Lado
O governo de São Paulo quer oferecer, de uma só vez, um conjunto de linhas de transporte sobre trilhos para a construção e a exploração da iniciativa privada. O Estado tenta aproveitar-se das condições favoráveis para diminuir as deficiências mais graves na infraestrutura de São Paulo. O prolongamento da paralisia econômica no mundo rico e as baixas taxas de juros no exterior aumentam, por contraste, a atratividade de investimentos de longo prazo no Brasil.
Pelo menos três linhas -6-laranja (34,1 km), 20-rosa (23 km) e Expresso ABC (29,5 km)- devem ser construídas por meio de PPPs (parcerias público-privadas). Nessa modalidade de contrato, a iniciativa privada constrói e administra o serviço, com contrapartidas financeiras e fiscalização do poder público.
Por Renato Lobo, com as informações de Rede Brasil Atual e Folha de São Paulo