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CPTM

Os problemas e desafios na operação da Linha 12-Safira da CPTM

O ano era 1934 e era inaugurada a chamada Variante de Poá, uma alternativa com menos curvas à linha original entre Tatuapé e Poá, da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Por esse motivo a ferrovia durante muito tempo foi chamada de variante, e originou a Linha 12-Safira, atendimento ferroviário que em menos de 20 anos era considerado o mais precário da malha.

Foi palco de um dos mais terríveis acidentes ferroviários ocorridos no Brasil, que aconteceu a 800 metros da estação Engenheiro Goulart, deixando 50 pessoas mortas.

São 13 estações e 39 km de extensão, que atende a regiões importantes da Zona Leste de São Paulo, além de promover a ligação metropolitana com municípios do chamado Alto Tietê. É considerado um atendimento pendular, quando uma massa se desloca em um único sentido e horário, por conta das regiões extremamente povoadas, mas com menor concentração de emprego.

Foto: Renato Lobo | Via Trolebus

Os antigos problemas na região, como baixo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, em bairros como Jardim Helena e Itaim Paulista, cortados pela ferrovia, acabam de certa forma interagindo com a operação. Na Linha 12 é grande o número de acessos indevidos a malha. O atendimento foi o último da malha em registrar o surf ferroviário, na década de 2000.

Antigos também são algumas tecnologias, que apenas nos últimos anos foram trocadas, com trabalhos recentes em energia e sinalização para diminuir o tempo total de trajeto. O intervalo no pico da Linha 12 é de 5 minutos e meio. Sem a conclusão desses trabalhos de infraestrutura não é possível diminuir a espera pelas composições nas plataformas.

Renato Lobo | Via Trolebus

Assim como na Linha 10-turquesa, um grupo de trabalho envolvendo diversas áreas foi montado, explicou os assessores da Diretoria de Operação Sérgio Barbosa e Francis Régis da Silva.

Um dos trabalhos foi a mudança de emplacamento da ferrovia, que antes tinha indicação para trens antigos que tinham uma distância de frenagem maior, e a nova sinalização permitiu aumentar a velocidade da linha, diminuindo o tempo de viagem entre as duas pontas em até dez minutos.

Outro problema ainda aparente em algumas estações são instalações antigas. Parte delas estão sendo reformadas para corrigir questões históricas como a altura entre trem e plataforma.

Renato Lobo | Via Trolebus

Já na estação Calmon Viana, ponto final da Linha 12-Safira e integração com a Linha 11-Coral, as plataformas centrais se tornaram operacionais e permitiram que os passageiros pudessem trocar de linha sem a necessidade de utilizar a passarela, o que aumentava o tempo total de viagem.

Renato Lobo | Via Trolebus

Outras intervenções ocorreram em Tiquatira e a eliminação de uma passagem de nível em São Miguem Paulista, que permitiram aumento de velocidade.

A linha teve além das melhorias, troca da frota com a entrada dos trens da série 9000 e 8500, que dividem espaço com os trens da série 2000 e 2070.

Renato Lobo | Via Trolebus

Ainda assim, em agosto, último mês em que a empresa divulgou os números de embarque, a Linha 12 transportou cerca de 185 mil passageiros por dia, número pequeno na comparação com outros atendimentos. A conclusão de implantação do novo sistema de sinalização, que pode reduzir o intervalo, além de novas estações, seriam fatores potenciais para aumento no uso da antiga variante de Poá, aumentando sua capilaridade. O projeto de uma estação em União de Vila Nova explica bem o cenário.

Sobre o autor do post

Renato Lobo

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.

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