Imagem de Eduardo Ganança
De acordo com Secretário Nacional de Transportes e de Mobilidade Urbana, Dario Rais Lopes, na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, o atraso para o início das obras da linha 18-bronze não se devem apenas a problemas financeiros, mas também a problemas técnicos. Isso porque, de acordo com o contrato assinado em agosto de 2014 com a futura concessionária da linha, é necessário que a primeira fase da linha 17-ouro, que ligará o Aeroporto de Congonhas a estação Morumbi da CPTM, esteja pronta pois servirá como base para a operação da linha 18.
Conforme informamos aqui no Via Trolebus , uma audiência ocorreu entre órgãos do Governo Federal e Estadual para tentar por um fim no impasse para o início das obras da linha 18.
Há ainda outra linha em monotrilho em obra na cidade que é a linha 15-prata que ligará o Ipiranga a Cidade Tiradentes. Como é de conhecimento de todos, esta linha está em operação parcial apenas em 2,9km, ligando a estação Vila Prudente a Oratório.
A linha 17 era para ter sido entregue ano passado, antes da Copa, porém agora a nova previsão é que a primeira fase seja entregue entre 2017 e 2018, e, com isso, atrasando o início das obras do ramal 18. De acordo com Dario, somente depois de o trajeto Congonhas-Morumbi começar a funcionar serão feitos os ajustes necessários que servirão de exemplo para a Linha 18.
“Nós, profissionais da área de transporte, estamos assistindo a um processo que tem demonstrado grande dificuldade. Há grandes desafios a serem vencidos. Estamos em processo de aprendizado com a Linha 15, pois trata-se de nova tecnologia. Ela não opera em 100%. Aí teremos de começar com a Linha 17, que é outro modelo, pois não há padronização e não é o mesmo fornecedor (empresas contratadas são diferentes). Também haverá avaliações e adaptações no funcionamento. Como iremos começar a Linha 18 desse jeito? É melhor atrasar um pouco, mas fazer direito”, observa o secretário. “Não temos recursos em abundância. Não é prudente acelerar a Linha 18 até que tenhamos a Linha 17 resolvida.”, finaliza.
O deputado federal Alex Manente ficou indignado com o que ouviu: “Até então tínhamos informação de que havia impasse financeiro apenas. Estávamos trabalhando para solucioná-lo. Agora vemos que há novo desafio.”
Até então, o problema para o atraso das obras da linha 18 era somente financeiro. O Governo Estadual dizia que dependia da verba do Governo Federal para iniciar as desapropriações e o outro lado dizia que o Governo do Estado não dava garantias para a contrapartida de R$ 407 milhões para as desapropriações.
“Projetos dessa natureza são complexos. Nesse caso, há clientes diretos (o poder público), os concessionários e a PPP (Parceria Público-Privada) envolvidos no mesmo processo. Independentemente disso tudo, não é por conta de não ter contrato de financiamento que a obra não foi iniciada. Os recursos para desapropriações são hoje o maior entrave financeiro. Estamos em negociações constantes com o concessionário e com o Estado. Não há pleito para acelerar liberação de verba. Caso isso ocorra, estamos preparados. Não adianta liberar recursos se não tiver avançada a questão de desapropriações. Haverá descasamento do físico (ritmo da obra) com o financeiro, pois, a partir da liberação da verba, começam os prazos para realizar a intervenção”, disse Rodolfo Torres dos Santos, chefe do departamento de Mobilidade e Desenvolvimento Urbano do BNDES.
Já o Secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelisssioni, enfatiza que o problema é financeiro. “No dia 14 de agosto, o Ministério da Fazenda retirou de pauta pleitos de novos empréstimos a entes subnacionais, caso da Linha 18, justificando o momento econômico atual e o vultoso volume de operações de crédito demandadas. A medida impacta negativamente na autorização dos financiamentos tramitados junto ao Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), vinculado ao Ministério do Planejamento. A secretaria segue em tratativas para que os recursos no valor de US$ 182,7 milhões (R$ 688,41 milhões), pleiteados para desapropriações, sejam aprovados com urgência.”, diz Pelisssioni.
O representante do Governo Estadual não compareceu a audiência e nem enviou representantes. A secretaria informa que devido imprevistos ele não pode comparecer.
A linha 18-bronze, que será operada por monotrilho, ligará a estação Tamanduateí, da linha 2-verde, e passará pelas cidades de São Caeteno do Sul, Santo André e São Bernardo do Campo.