Recentemente ocorrências envolvendo a frota K do Metrô de São Paulo vieram a tona, onde duas composições teriam aberto as portas com o trem ainda em movimento. Juntamente com esta notícia e o número crescente de falhas, a discussão em alguns fóruns de discussão especializados nas redes sociais teve seu teor inflamado, indo parar em uma publicação do jornal “Carta Capital”, onde a matéria coloca em cheque toda a manutenção feita pela empresa.
Todavia, em nenhum momento a companhia do Metropolitano se pronunciou sobre o ocorrido de maneira mais profunda. Em muitas matérias jornalísticas, vemos aquelas famosas notas da empresa se explicando. Não contente com isto, procurei o Metrô para tentar entender esta missão de transportar 4 milhões e meio de passageiros por dia, ou um bilhão de usuários a cada ano, e ao mesmo tempo administrar estas falhas que também tiram minha paciência, já que sou usuário do Metrô pelo menos 6 dias na semana.
Quem me recebeu no pátio Jabaquara foi o chefe do Departamento de Material Rodante do Metrô, Roberto Torres Rodrigues, que começou logo a conversa explicando que o sistema metroviário (incluindo a Linha 4-Amarela operada pela ViaQuatro, na qual não está sobre jurisdição dele) possui uma rede de 74,3 km de linhas, 64 estações, 164 trens (1008 carros), cerca de 1.800.000 km rodados mensalmente, e seis pátios (Jabaquara, Itaquera, Belém, Capão Redondo, Tamanduateí e Vila Sonia). A companhia é responsável por mais de 17% do total de viagens realizadas pela população, por transporte coletivo, na Região Metropolitana do estado de São Paulo.
Indo direto ao ponto, perguntei sobre o porque das falhas. Roberto conta que apesar dos números, das um milhão e duzentas mil viagens feitas por ano, são cumpridas 98% das viagens programadas, o que nas palavras dele demonstram a grande confiabilidade do sistema. Coincidência, ou não, parece que quase sempre ocorre no horário de pico. Roberto comenta que nestes horários entre o período das 6h30 às 8h30 e das 17h00 às 19h00, são transportados 30% do total de embarques nos dias úteis.
Ainda sobre as panes, o chefe do Departamento de Material Rodante fala que nos últimos anos o Metrô precisou se readequar com o crescente número de usuários. Este fator se deu pela vinda do bilhete único também no Metrô, antes aceito apenas no sistema municipal de ônibus de São Paulo.
Na medida em que se percebe um número maior de falhas, quase que instantaneamente algumas pessoas acabam ligando a uma possível falta de manutenção. Perguntado sobre isso, Roberto afirma que todas as atividades ocorrem regularmente, por meio de protocolos de procedimentos técnicos que seguem normas nacionais e internacionais. Estes padrões tratam além da manutenção corretiva, intervenções de caráter preventivo e preditivo, buscando identificar possíveis falhas nos equipamentos, antes que elas efetivamente ocorram. São mais de 2.400 empregados, entre profissionais de elétrica, eletrônica, mecânica e civil.
O funcionário relata ainda que nos últimos a empresa precisou se readequar para a demanda vinda das redes sociais, onde toda a empresa é mobilizada em responder as questões vindas destes canais.
É bem verdade que nosso Metrô se destaca pela sua confiabilidade, visto o número de pessoas transportadas. No ano passado, o site do canal CNN publicou uma lista elegendo as dez melhores linhas de metrô de todo o mundo. Ficando em sétimo lugar no ranking, o metrô paulistano é descrito como amplo, seguro, rápido, limpo e acessível. A matéria ainda cita que a premiação The Metros Awards elegeu o metrô de São Paulo o melhor das Américas. Confira a lista:
10. Copenhagen (Dinamarca)
9. Singapura
8. Londres (Inglaterra)
7. São Paulo
6. Paris (França)
5. Montreal (Canadá)
4. Madrid (Espanha)
3. Nova York (Estados Unidos)
2. Tóquio (Japão)
1. Guangzhou (China)
Sobre a frota K
O funcionário disse que as falhas registradas na frota K estão dentro do padrão da normalidade. Em relação a possível abertura de portas antes do trem parar, a companhia emitiu uma nota aos jornais dizendo que “dispositivo que grava toda a operação dos trens, como as caixas pretas nos aviões, mostram que as portas abriram dentro da janela de segurança e dentro das características da operação normal. Não houve ocorrência que oferecesse risco aos usuários da rede metroviária. As portas abrem antes da parada e imobilização completa do trem, quando a velocidade é bem reduzida.”
O usuário quando não está satisfeito com o serviço, tem razão em cobrar melhorias, e mais linhas de Metrô, e mais corredores de ônibus. Mas, a região metropolitana de São Paulo não possuí um planejamento urbano, e milhares de pessoas precisam se deslocar muitos kilometros para chegar até os postos de trabalhos, longe de suas residências. Sem este planejamento, não vai haver rede metroviária que de conta de tantos deslocamentos.