Figura 4, vista atual das plataformas não utilizadas da Estação Pedro II
Recordar é viver

Historia do Metrô de SP: Revisões e distorções do Plano HMD

Após o início das obras, começaram, ainda em meados da década de 70, as drásticas revisões do projeto HMD. A Linha Leste-Oeste era originalmente prevista como Casa Verde – Vila Maria, deixando os deslocamentos na Zona Leste a cargo do serviço de subúrbios da EFCB.

Porém, os subúrbios, operados pela companhia federal CBTU, estavam sofrendo um processo de rápida deterioração e o sucateamento das linhas, principalmente as da Central, era iminente.

Aproveitando a deixa, contrariando as premissas do HMD, fez-se com que o Metrô suprisse esse atendimento deficiente, seguindo em redundância à ferrovia na Zona Leste. Mais do que isso, a linha Leste-Oeste seria hipertrofiada a Leste, alcançando o então distante bairro de Itaquera, onde se previa a construção de um massivo projeto de habitação popular, a COHAB.

Figura 1, traçado modificado do tramo leste da linha Leste-Oeste
Figura 1, traçado modificado do tramo leste da linha Leste-Oeste

A construção da linha Leste-Oeste começou pelo trecho entre Sé e Brás, trecho inaugurado em 1979. A Estação Pedro II recebeu, além das plataformas elevadas da Linha Leste-Oeste, Plataformas subterrâneas para a Linha Sudoeste-Sudeste:

Figura 2, corte transversal da Estação Pedro II, mostrando as vias e plataformas subterrâneas
Figura 2, corte transversal da Estação Pedro II, mostrando as vias e plataformas subterrâneas

 

Figura 3, planta esquemática de localização da Estação Pedro II
Figura 3, planta esquemática de localização da Estação Pedro II

 

Figura 4, vista atual das plataformas não utilizadas da Estação Pedro II
Figura 4, vista atual das plataformas não utilizadas da Estação Pedro II

Não só as premissas do HMD foram quebradas aí, com uma linha construída para agregar mais usuários ao invés de distribuir os existentes, como a região que por ela seria atendida sofreu uma explosão populacional proposital.

O resultado foi bastante claro e é visível até hoje: a Linha Leste-Oeste passou a descarregar na Sé um número muito acima do que a Linha Norte-Sul é capaz de absorver, e os usuários passaram a se acumular nas plataformas.

A exemplo da Estação Pedro II, a Estação República também recebeu plataformas para a Linha Sudoeste-Sudeste, dois níveis acima das plataformas da Linha Leste-Oeste.

Figura 5, vista atual da plataforma da Estação República, adaptada para receceber a atual Linha 4 - Amarela
Figura 5, vista atual da plataforma da Estação República, adaptada para receceber a atual Linha 4 – Amarela

Em dezembro de 1988, a Leste-Oeste adquiriu sua configuração atual, de Barra Funda a Itaquera.

Figura 6, planta esquemática de localização da Estação Itaquera
Figura 6, planta esquemática de localização da Estação Itaquera

Ainda em fins dos anos 80, iniciou-se a construção do Ramal Paulista, depois denominado Linha Vila Madalena-Vila Prudente, prevendo uma expansão a leste, para ser construída logo após o término dos trechos anteriormente previstos. A operação desta linha iniciou em 1991, entre Paraíso e Consolação, e mais tarde foram concluídos os trechos de Paraíso a Ana Rosa e de Consolação a Vila Madalena.

Em 1992, o serviço de subúrbios da Santos-Jundiaí e da Central do Brasil foram repassados ao controle estadual, que, agregando-os aos subúrbios da Sorocabana (operados pela estadual FEPASA), criou a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com a promessa de requalificá-los e dar-lhes operação análoga à do Metrô, fazendo dessas linhas, linhas de metrô de superfície.

Essa dita conversão, no caso da atual Linha 10 – Turquesa, bem como a construção do Corredor Expresso Tiradentes, de BRT, acabou por servir de pretexto ao abandono do projeto do tramo sudeste da Linha Sudoeste-Sudeste. Dessa forma, as plataformas inferiores da Estação Pedro II deverão continuar inutilizadas.

Além disso, o projeto do “Ramal Moema” foi mesclado ao “Projeto Sul”, da antiga FEPASA, resultando no traçado atual (e em construção) da Linha 5 – Lilás. Contudo, a integração com as Linhas 1 e 2 se dará nas estações Santa Cruz e Chácara Klabin, de forma que as plataformas construídas para este fim em Paraíso também permanecerão inutilizadas.

Sobre o autor do post

Eduardo Ganança

Graduando em Arquitetura e Urbanismo na FAUUSP e pesquisador de Tecnologia em Cartografia Histórica no Laboratório de Topografia e Geodésia da Escola Politécnica da USP.

Via Trolebus